quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

100 anos de república

Para quem gosta de festas, os 100 anos da república portuguesa comemorados durante este ano, 2010, faz lembrar a festa da "matança do porco" que se realiza um pouco por todo o nosso país, nomeadamente nas aldeias do Norte, Beiras e até no Alentejo. Os galegos falam na "Matanza" como sendo a festa rainha da família, amigos e comunidade.
Por cá, a preparação da matança é organizada uma semana antes do evento, contratam-se os homens para pegar nas pernas do porco, trata-se com o matador, que traz os seus próprios cutelos e facalhão fendido para atravessar o gasganete do suíno e deixar passar o sangue para o alguidar.
O dia escolhido da matança deverá ser frio, seco e de preferência antes do carnaval, porque depois entra a quaresma e jejum. A hora da golpada será bem cedo pela alvorada.
As crianças poderão assistir à festa desde que não chorem o porco, se não sofre mais e não morre.
O espectáculo que segue a facada final é de luz, fogo e palha a arder para "escalpelar" o courato do russo e assim fortalecer a couraça da tora, pás e presuntos.
A paga pelos préstimos e serviços do matador e homens de apoio é efectuada em géneros de sarrabulho da própria vitima, o porco, e após a desmancha final para se obter rojões. A saber, tripa farinheira, bolacho, verde, fígado, rim, boche e rojão.
Esta festa dura cerca de uma semana após o óbito do bicho, o que significa apanhar um ar "tresandabundo" a vísceras, sangue e carne durante pelo menos 7 dias.

Voltando ao assunto da república, se bem se lembram, foi preparada a "matança" uns anos antes, aí por 31 de Janeiro, antes do carnaval, portanto.
Aí por 2 de Fevereiro, uns anos após o preparo, mas antes do carnaval, foi dada a golpada sangrenta sobre um português, em solo português, por matador português e com homens de apoio portugueses.
Como bons portugueses que somos, e gostamos de festas bravas, levamos a família toda para a "matança" e nos anos seguintes comemoramos a mesma com o mesmo ritual e pedindo às crianças para não chorar porque senão o "bicho" o tal português objecto da matança não morre.
Assim e após cem anos mais dois, da celebre facalhada, o nosso país continua a fraternal tradição de a comemorar com fogo e luz, tripas e bolachos, muito sarrabulho e 10 milhões de euros a distribuir pelo matador e homens de apoio.
Viva a tradição.

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